Bacteria (do grego βακτηριον, bakterion: bastão) é um domínio de micro-organismos unicelulares, procariontes (desprovidos de envoltório e organelas membranosas), antes também chamados Schizomycetes.
As
bactérias são geralmente microscópicas ou submicroscópicas (detectáveis apenas
com uso de um microscópio eletrônico). Suas dimensões geralmente não excedem poucos micrômetros, podendo variar entre cerca de 0,2 µm, nos microplasmas, até 30 µm, em algumas espiroquetas. Exceções são as bactérias Epulopiscium fishelsoni isoladas no tubo
digestivo de um peixe, com um comprimento compreendido em 0,2 e 0,7 mm
e Thiomargarita namibiensis, isolada de sedimentos oceânicos, que atinge até
0,75 mm de comprimento.
Segundo
o sistema taxonômico proposto por Robert
Whittaker, em 1969, constituíam o reino Moneras, juntamente com as chamadas "algas azuis" ou
"cianofíceas"
- hoje mais corretamente chamadas cianobactérias.
A
classificação (2003) proposta por Thomas Cavalier-Smith reconhece dois domínios:
§ Prokaryota, compreendendo os reinos Archaea e Bacteria;
§ Eukaryota, que inclui todos os demais organismos, tanto unicelulares
quanto pluricelulares).
As
bactérias podem ser encontradas na forma isolada ou em colônias. Podem viver na
presença de ar (aeróbias), na ausência de ar (anaeróbias) ou, ainda, ser anaeróbias facultativas. Estão entre
os organismos mais
antigos, com evidência encontrada em rochas de 3,8 bilhões de anos.
Segundo
a Teoria da Endossimbiose, dois organelos celulares, as mitocôndrias e os cloroplastos teriam derivado de uma bactériaendossimbionte, provavelmente autotrófica, antepassada das atuais cianobactérias.
Bactérias
são os organismos mais bem sucedidos do planeta em relação ao número de
indivíduos. A quantidade de bactérias no intestino de uma pessoa é superior ao número total de células
humanas no corpo dela,
por exemplo.
História:
Antonie van Leeuwenhoek, o primeiro
microbiologista.
Antonie van Leeuwenhoek, em 1673, usando um microscópio de lente simples projetado por ele mesmo, foi o
primeiro cientista a observar a existência de micro-organismos. Durante os anos seguintes, van Leeuwenhoek publicou
suas descobertas em uma série de cartas e manuscritos que enviou a Royal
Society de Londres. Entre as
correspondências mais importantes estão as do ano de 1676, que dedicam-se a
descobertas de micro-organismos, chamados por ele de "animalículos".
A primeira referência específica às bactérias é de uma carta datada de 9 de
outubro de 1676.
O termo Bacterium foi introduzido somente em 1828, pelo microbiologista
alemão Christian Gottfried Ehrenberg. O gênero Bacteriumcompreendia
bactérias com formato de bastão não formadoras de esporos. O gênero foi considerado um nomen genericum
rejiciendum em 1954 pela Comissão Internacional de Nomenclatura Bacteriana.
Esses seres microscópicos somente passaram a despertar o
interesse dos cientistas no final do século
XIX. Louis
Pasteur demonstrou em 1859 que o
processo de fermentação era causado pelo crescimento de micro-organismos, e
não pela geração espontânea.
Pasteur e Robert Koch foram
os primeiros cientistas a defender a teoria microbiana das enfermidades, ou
seja, o papel das bactérias como vectores de várias doenças. Robert Koch foi ainda um pioneiro na microbiologia médica,
trabalhando com diferentes enfermidades infecciosas, como a cólera, o carbúnculo e a tuberculose. Koch conseguiu provar a teoria microbiana das
enfermidades infecciosas através de suas investigações da tuberculose,
sendo o ganhador do prêmio nobel de medicina e fisiologia no ano de 1905. Estabeleceu
o que é hoje denominado de postulado de Koch, mediante aos quais se padronizou uma série de critérios
experimentais para demonstrar se um organismo é ou não o causador de uma
determinada enfermidade. Estes postulados são utilizados até hoje.
Apesar de no final do
século XIX já se saber que as bactérias eram a causa de diversas doenças, não
existia ainda um tratamento antibacteriano para combatê-las. Em
1910, Paul Ehrlich desenvolveu
o primeiro antibiótico,
por meio de tinturas que seletivamente coravam e matavam a bactéria Treponema pallidum. Ehrlich recebeu o nobel em 1908 por seus trabalhos em
imunologia e por seus pioneirismo no uso de corantes para detectar e
identificar as bactérias, base fundamental para o desenvolvimento da coloração de Gram e
Ziehl-Neelsen.
Um grande avanço no estudo das bactérias foi o
reconhecimento realizado por Carl Woese em 1977, de que as arqueias e bactérias
representam linhagens evolutivas diferentes. Esta nova taxonomia
filogenética se baseava no sequenciamento do RNA ribossômico 16S e dividia os
procariontes, até então classificados como Prokayota, em dois grupos evolutivos
disntintos, em um sistema de três domínios: Bacteria, Archaea e Eukaryota.[
Origem e evolução
Os ancestrais das bactérias modernas foram
micro-organismos unicelulares que são as primeiras formas de vida a aparecer na
Terra a cerca de 4 bilhões de anos atrás. Por cerca de 3 bilhões de anos, todos
os organismos foram microscópicos, e bactérias e arqueias foram as formas
dominantes de vida. Embora fósseis bacterianos existam, como os
estromatólitos, sua falta de
morfologia distintiva impede que estes sejam usados para examinar a história da
evolução bacteriana, ou datar o tempo de origem de uma determinada espécie de
bactéria. No entanto, sequências de genes podem ser usados para reconstruir a
filogenia bacteriana, e estes estudos indicam que as bactérias divergiram
primeiro da linhagem Archaea/Eukaryota
Taxonomia e filogenia
A
classificação das bactérias mudou radicalmente nos últimos anos, de forma
a refletir o conhecimento atual sobre filogenia,
como resultado dos recentes avanços na sequenciação dos genes, na bioinformática e na biologia computacional. Atualmente as bactérias compõem um dos três domínios do
sistema de classificação cladístico.
A descoberta da estrutura celular procariótica, distinta de todos os outros organismos (os eucariontes), levou os procariontes a serem classificados como um grupo
separado ao longo do desenvolvimento dos esquemas de classificação de seres
vivos. As bactérias foram inicialmente classificadas entre as plantas por Lineu e agrupadas com os fungos (na classe Schizomycetes), com exceção das cianobactérias que eram consideradas "algas azuis"; em 1866, Ernst
Haeckel incluiu-as no reino Protista; em 1969, foram incluídas entre os procariotas no reino Monera por Whittaker. Em 1977, com o advento das técnicas moleculares, Carl
Woese dividiu os procariotas em dois
grupos, com base nas sequências "16S" do rRNA, que chamou de Eubactéria e Archaebacteria, mais tarde, renomeados por ele próprio para Bacteria
eArchaea. Woese argumentou que estes dois grupos, em conjunto
com os eucariotas, formam domínios separados com origem e evolução separadas a partir de um organismo primordial. Desta
forma, as bactérias poderiam ser divididas em vários reinos, mas normalmente
são tratadas como um único reino, dividido em filos ou divisões. São geralmente
consideradas um grupo monofilético, mas esta noção tem sido contestada por alguns autores.
Alguns cientistas, no entanto, consideram que as diferenças genéticas entre aqueles dois grupos procariotos não justificam a
divisão e que tanto as arqueobactérias como os eucariontes provavelmente se originaram a partir de bactérias
primitivas.
Vulgarmente, utiliza-se o termo "bactéria" para
designar também as archaeas,
que actualmente constituem um domínio separado. As cianobactérias (as "algas azuis") são consideradas dentro
do domínio Bactéria.
Além da sequência do RNA
ribossomal, arqueias e bactérias diferem,
entre outras características, na constituição química da parede celular. As
arqueias não apresentam, em sua parede celular, o peptidoglicano, constituinte típico das bactérias.
Morfologia
Morfologia bacterianas
As bactérias classificam-se morfologicamente de acordo com a
forma da célula e
com o grau de agregação:
Quanto a forma
Coco: De forma esférica ou subesférica.
Espiroqueta: Em forma acentuada de espiral.
Quanto ao grau de agregação
Apenas os Bacilos e os cocos formam colônias.
Diplococo: De forma esférica ou subesférica e agrupadas aos pares.
Estreptococos: Formam cadeia semelhante a um "colar".
Estafilococos: Uma forma desorganizada de agrupamento, formando cachos.
Sarcina: De forma cúbica, formado por 4 ou 8 cocos simetricamente
postos.
Diplobacilos: Bacilos reunidos dois a dois.
Estreptobacilos: Bacilos alinhados em cadeia.
Estrutura Bacteriana
Estruturas de uma célula bacteriana
gram-positiva.
A célula bacteriana, por ser procariótica, não possui organelos membranares nem DNA organizado em verdadeiros cromossomas, como os das células eucariotas.
Estruturas da célula procariota:
1.
Os pili são microfibrilas proteicas que se estendem da parede
celular em muitas espécies Gram-negativas. Têm funções de ancoramento da
bactéria ao seu meio e são importantes na patogénese. Um tipo especial de pilus
é o pilus sexual, estrutura oca que serve para ligar duas bactérias, de modo a
trocarem plasmídeos.
2.
Os plasmídeos são pequenas moléculas de DNA circular que coexistem
com o nucleóide. São comumente trocados na conjugação bacteriana. Os plasmídeos
têm genes, incluindo frequentemente aqueles que protegem a célula contra os
antibióticos.
3.
Há cerca de 20 mil ribossomos em um citoplasma bacteriano. Os ribossomos procariotas
são diferentes dos eucariotas e essas diferenças foram usadas para
desenvolver antibióticos que
só afectam os ribossomos bacterianos.
4.
O citoplasma é preenchido pelo hialoplasma, um líquido com consistência de gel, semelhante ao dos
eucariotas, com sais, glicose e
outros açúcares, RNA,
proteínas funcionais e várias outras moléculas orgânicas.
5.
A membrana
celular é uma dupla camada de fosfolípidos, com proteínas imersas.
6.
A parede
celular bacteriana é uma estrutura
rígida que recobre a membrana citoplasmática e confere forma às bactérias. É
uma estrutura complexa composta por peptidoglicanos - polímeros de carboidratos ligados a proteínas. É alvo de muitos antibióticos, incluindo a penicilina e seus derivados, que inibem as enzimas transpeptidasee carboxipeptidase, responsáveis pela síntese dos peptidoglicanos. Contém em espécies
infecciosas a endotoxina lipopolissacarídeo (LPS).
7. Algumas espécies de bactérias têm
uma camada de polissacarídeos que protege contra desidratação, fagocitose e ataque
de bacteriófagos, chamada de cápsula.
8.
O nucleóide consiste em uma única grande molécula de DNA com proteínas associadas, sem delimitação por membrana
- portanto, não é um verdadeiro núcleo. O seu tamanho varia de espécie para espécie.
9.
O flagelo é uma estrutura proteica que roda como uma hélice.
Muitas espécies de bactérias movem-se com o auxílio de flagelos. Os flagelos bacterianos são completamente diferentes dos
flagelos dos eucariotas.
Além dessas estruturas há também:
Vacúolos bacterianos: não
são verdadeiros vacúolos,
já que não são delimitados por dupla membrana lipídica como os das plantas. São antes grânulos de substâncias de reserva, como açúcares complexos.
Algumas bactérias podem enquistar, formando um esporo, com um invólucro de polissacáridos mais espesso e ficando em estado de vida latente enquanto as condições ambientais forem desfavoráveis.
Movimento
Os diferentes arranjos dos flagelos bacterianos.
As bactérias móveis deslocam-se, quer através da utilização
de flagelos, quer deslizando sobre superfícies, ou ainda por alterações
da sua flutuabilidade.
As espiroquetas constituem
um grupo único de bactérias que possuem estruturas semelhantes a flagelos
designadas por filamentos ligados a dois pontos da membrana
celular no espaço Peri plasmático,
além de terem uma forma helicoidal que gira no meio para se movimentar.
Os flagelos bacterianos encontram-se organizados de
diferentes formas: algumas bactérias possuem um único flagelo polar (numa
extremidade da célula), enquanto outras possuem grupos de flagelos, quer numa
extremidade, quer em toda a superfície da parede
celular (bactérias “perítricas”).
Taxia
As bactérias podem mover-se por reação a certos estímulos,
um comportamento chamado "taxia" (também presentes nas plantas), como por exemplo, quimiotaxia, fototaxia, mecanotaxia e magnetotaxia - bactérias que fabricam
cristais de magnetita ou
greigita, materiais com propriedades magnéticas, e orientam seus movimentos
pelo campo magnético terrestre, como a bactéria Magnetospirillum
magnetotacticum.
Num grupo particular, as mixobactérias, as células individuais atraem-se quimicamente e formam
pseudo-organismos amebóides que, para além de "rastejarem", podem formar
frutificações.
Metabolismo segundo fontes de energia e carbono
Fonte de carbono
De acordo com a fonte de átomos de carbono para a produção
de suas moléculas orgânica, elas são classificadas em dois grandes grupos:
Autotróficas: As bactérias autotróficas obtêm suas moléculas de carbono
apenas de dióxido de carbono.
Heterotróficas: São bactérias que obtêm seus átomos de carbono de moléculas
orgânicas que captam do ambiente. Além do gás carbônico ela
precisa de um carboidrato.
Fonte de energia
Bactérias podem utilizar como fonte de energia luz, substâncias
inorgânicas ou orgânicas:
Luz: Como as bactérias que fazem fotossíntese ou fototróficas.
Compostos químicos: Como as bactérias quimiotróficas.
Composto inorgânico: litotróficas
Composto orgânico: organotróficas
Classificação segundo o metabolismo
Se forem combinadas as classificações de fonte de energia e
de fonte de átomos de carbono expostas acima, pode-se classificar as bactérias
em quatro grandes grupos, quanto a suas necessidades nutricionais:
Fotoautotróficas
Bactérias fotoautotróficas são capazes de produzir elas mesmas
as substâncias orgânicas que lhes servem de alimento, tendo como fonte de
carbono o gás carbônico e como fonte de energia a luz.
Cianobactérias: são fotolitoautotróficas e aparentemente foram as
pioneiras no uso da água como
fonte de elétrons.
Incluiriam as proclorófitas (gêneros Prochloron,Prochlorothrix e Prochlorococcus),
apesar de se distinguirem destas por apresentar apenas clorofila a, além de ficobilinas azul e vermelha. Esses pigmentos são responsáveis
pelas diversas colorações, muitas vezes brilhantes, que essas bactérias
apresentam.
Sulfobactérias: realizam um tipo de fotossíntese em que a substância
doadora de hidrogênio não
é a água, mas compostos de enxofre, principalmente o gás sulfídrico (H2S).
Por isso essas bactérias produzem enxofre elementar (S) como subproduto
da fotossíntese, e não gás oxigênio, como na fotossíntese que utiliza H2O.
Fotoeterotróficas
As bactérias fotoheterotróficas utilizam luz como fonte de
energia, mas não convertem exclusivamente o gás carbônico em moléculas
orgânicas. Assim, elas utilizam compostos orgânicos que absorvem do meio
externo, como alcoóis, ácidos graxos, glicídios etc, como fonte de carbono para a produção dos componentes orgânicos de sua
célula. Essas células são bactérias anaeróbias e, como exemplo, pode-se citar
as bactérias não-sulfurosas verdes como Chloroflexus spp., e as
não-sulfurosas púrpuras, comoRhodopseudomonas spp.
Quimioautotróficas
As bactérias quimioautotróficas utilizam oxidações de compostos inorgânicos como fonte de energia para a
síntese de substâncias orgânicas a partir de gás carbônico (CO2)
e de átomo de hidrogênio (H)
proveniente de substâncias diversas. As substâncias orgânicas produzidas são
utilizadas como matéria-prima para a formação dos componentes celulares ou
degradadas para liberar energia para o metabolismo.
Quimioeterotróficas
A maioria das espécies bacterianas apresenta nutrição
quimioeterotrófica ou seja, tanto a fonte de energia quanto a de átomos
são moléculas orgânicas que a bactéria ingere como alimento. De acordo com a
fonte das substâncias que lhe servem de alimento, as bactérias heterotróficas
são classificadas em saprofágicas e parasitas. Exemplo:Clostridium.
Saprofágicas:
alimentam-se a partir de matéria orgânica sem vida, como cadáveres ou porções
descartadas por outros seres vivos.
Parasitas:
alimentam-se a partir de tecidos corporais de seres vivos e podem ser
patogênicas.
1.
Coleta de amostras: é a
primeira etapa para o isolamento e identificação. Varia conforme a fonte da
amostra ou habitat da bactéria. Uma coleta de amostra de
um rio para análise de coliformes terá metodologia diferente daquela
feita a partir dos tecidos ou secreções infectadas de um doente e assim por
diante.
2.
Cultivo: as amostras podem ser cultivadas em meios de enriquecimento ou não
antes de serem transferidas para placas de Petri com o meio de cultura apropriado. Podem ser
empregados meios de cultura seletivos para determinados grupos metabólicos de
bactérias.
3.
Identificação: vários
métodos podem ser empregados para identificar espécies ou outros grupos
bacterianos. Tais métodos muitas vezes são usados ao mesmo tempo e costumam ser
empregados em colónias bacterianas previamente isoladas. O tipo de colônia já
pode sugerir o organismo em questão: de uma forma geral, os bacilos gram
negativos apresentam colônias brilhantes, úmidas ou cremosas; os estafilococos apresentam colônias médias opacas e os estreptococos colônias pequenas e opacas (podendo
ser hemolíticas ou não, quando são cultivadas em ágar sangue de carneiro 5%).
Técnicas
de coloração: na técnica de Gram ou na técnica de
Ziehl-Neelsen, colônias bacterianas são espalhadas numalâmina,
onde são fixadas e coloridas. Em seguida, as bactérias são observadas ao microscópio
óptico e identificadas
pela morfologia e coloração.
Testes
bioquímicos: diferentes meios seletivos e podem ser empregados para
avaliar a capacidade de ou a diferença na metabolização de certas substâncias
por bactérias. A sensibilidade a diversos fatores também pode ser avaliada,
assim como teste
de sensibilidade aos antibióticos.
Análises
moleculares como a reação em cadeia
da polimerase também
podem ser usadas para identificação bacteriana, mesmo sem isolamento de
colônia.
Classificação Gram
Muito usada para identificar bactérias, é feita com base em uma
técnica de coloração desenvolvida pelo microbiologista dinamarquês Hans Christian
Gram, a técnica de Gram; dividindo as bactérias em dois grupos:
Gram-positivas:
bactérias que possuem parede celular com uma única e espessa camada de
peptidoglicanos. Pelo emprego da coloração de Gram, tingem-se na cor púrpura ou
azul quando fixadas com cristal violeta, porque retêm esse corante
mesmo sendo expostas a álcool.
Gram-negativas: bactérias
que possuem uma parede celular mais delgada e uma segunda membrana lipídica -
distinta quimicamente da membrana plasmática - no exterior desta parede
celular. No processo de coloração o lipídio dessa membrana mais externa é
dissolvido pelo álcool e libera o primeiro corante: cristal violeta. Ao término
da coloração, essa células são visualizadas com a tonalidade rosa-avermelhada
do segundo corante, safranina que lhes confere apenas a coloração
vermelha.
Crescimento e Reprodução
As bactérias podem se
reproduzir com grande rapidez, dando origem a um número muito grande de
descendentes em apenas algumas horas. A maioria delas reproduz-se
assexuadamente, por cissiparidade,
também chamada de divisão simples ou bipartição. Nesse caso, cada bactéria
divide-se em duas outras bactérias geneticamente iguais, supondo-se que não
ocorram mutações, isto é, alterações em seu material genético.
Em algumas espécies
de bactérias pode ocorrer recombinação de material genético. É o caso da
conjugação, como descrito abaixo.
Transferência de
material genético
A maioria das
bactérias possui uma única cadeia de DNA circular. As bactérias, por serem
organismos assexuados, herdam cópias idênticas do genes de
suas progenitoras (ou seja, elas são clonais).
Algumas bactérias
também transferem material genético entre
as células. A transferência de genes é particularmente importante na
resistência à antibióticos. A
resistência a antibióticos acontece devido à "colocação" de um
plasmídio cuja expressão confere
essa resistência ao antibiótico.
A maioria das bactérias
não apresenta reprodução sexuada, mas podem ocorrer misturas de genes entre
indivíduos diferentes, o que é chamado de recombinação genética.
Esse processo leva à formação de novos indivíduos com características genéticas
diferentes, resultando na mistura de material genético. Uma bactéria pode
adquirir genes de outra bactéria e misturá-los aos seus de três maneiras
diversas:
Transformação
bacteriana
Ocorre pela absorção
de moléculas ou fragmentos de moléculas de DNA que
estejam dispostas no ambiente, proveniente de bactérias mortas e decompostas; a célula bacteriana transformada passa a apresentar
novas características hereditárias, condicionadas pelo DNA incorporado. Este
não precisa ser de bactérias da mesma espécie; em princípio, qualquer tipo de
DNA pode ser capturado se as condições forem adequadas. Entretanto, um DNA
capturado só será introduzido no cromossomo bacteriano se for semelhante ao DNA
da bactéria receptora.
Transdução bacteriana
Consiste na
transferência indireta de segmentos de moléculas de DNA de uma bactéria para
outra. Isso ocorre porque, ao formarem-se no interior das células hospedeiras,
os bacteriófagos podem eventualmente
incorporar pedaços do DNA bacteriano. Depois de serem liberados, ao infectar
outra bactéria, os bacteriófagos podem transmitir a ela os genes bacterianos
que transportavam. A bactéria infectada eventualmente incorpora em seu cromossomo os genes recebidos do fago. Se
este não destruir a bactéria, ela pode multiplicar-se e originar uma linhagem
"transduzida" com novas características, adquiridas de outras
bactérias via fago.
Conjugação bacteriana
Consiste na
transferência de DNA diretamente de uma bactéria doadora para uma receptora
através de um tubo de proteína denominado pêlo
sexual ou pilus, que conecta o
citoplasma de duas bactérias. Os pili estão presentes apenas em bactérias F+,
ou seja, bactérias portadoras de um plasmídio denominado F (de fertilidade), e
essas são as doadoras de DNA. As que não possuem o plasmídio F atuam como
receptoras, sendo chamadas de F-. O DNA transferido neste processo é
quase sempre o plasmídio F e algumas vezes, um pequeno pedaço de DNA
cromossômico une-se ao plasmídio e é transferido junto com ele. Na bactéria
receptora pode ocorrer recombinação genética entre o cromossomo e o fragmento
de DNA unido ao plasmídio F recebido. Assim, a conjugação possibilita o aumento
da variabilidade genética na população bacteriana.
Conclusão
Importância das
bactérias
Os
vários tipos de bactérias podem ser prejudiciais ou úteis para o meio ambiente e para os seres vivos. Com técnicas da biotecnologia já foram desenvolvidas
bactérias capazes de produzir drogas terapêuticas, como a insulina.
Na indústria de
alimentos
Existem várias espécies de bactérias
usadas na preparação de comidas ou bebidas fermentadas, incluindo as láticas para queijos, iogurte, vinho, salsicha, frios, pickles, chucrute (sauerkraut em
alemão), azeitona, molho de soja, leite fermentado e as acéticas utilizadas para produzir vinagres.
Na saúde humana
Staphylococcus aureus: Cocos gram-positivos de importância
médica.
O papel das bactérias
na saúde, como agentes infecciosos, é bem conhecido: o tétano, a febre tifoide, a pneumonia, a sífilis, a cólera e tuberculose são apenas alguns exemplos. O
modo de infecção inclui o contato direto com material infectado, pelo ar,
comida, água e por insetos. A maior parte das
infecções pode ser tratada com antibióticos e as medidas antissépticas podem evitar muitas
infecções bacterianas, por exemplo, fervendo a água antes de tomar, lavar alimentos frescos ou passar álcool numa ferida. A esterilização
dos instrumentos cirúrgicos ou dentários é
feita para os livrar de qualquer agente patogénico.
No entanto, muitas
bactérias são simbiontes do
organismo humano e de outros animais como, por
exemplo, as que vivem no intestino ajudando
na digestão e evitando a proliferação de micróbios patogénicos.
Na ecologia
No solo existem
muitos micro-organismos que
trabalham na transformação dos compostos de nitrogénio em formas que possam ser
utilizadas pelas plantas e muitos são
bactérias que vivem na rizosfera (a zona
que inclui a superfície da raiz e o solo que a ela
adere). Algumas destas bactérias – as nitro bactérias - podem usar o nitrogénio
do ar e convertê-lo em compostos úteis para as plantas, um processo denominado fixação do nitrogénio.
A capacidade das bactérias para degradar uma grande variedade de compostos
orgânicos é muito importante e existem grupos especializados de
micro-organismos que trabalham na mineralização de classes específicas de
compostos como, por exemplo, a decomposição da celulose, que é um dos mais abundantes
constituintes das plantas. Nas plantas, as bactérias podem também causar
doenças.
As bactérias decompositoras atuam na
decomposição do lixo, sendo essenciais para tal tarefa. Também podem ser
utilizadas para biorremediação atuando
na biodegradação de
lixos tóxicos, incluindo derrames de hidrocarbonetos.
Na indústria
farmacêutica: produção de hormônio
Em 1977, obteve pela
primeira vez a síntese de uma proteína humana por uma bactéria
transformada. Um segmento de DNA com 60 pares de
nucleotídeos, contendo o código para síntese de somatostatina (um hormônio composto de 14 aminoácidos) foi ligado a um plasmídeo e
introduzido em uma bactéria, a partir da qual foram obtidos clones capazes
de produzir somatostatina.
A insulina foi a primeira proteína humana
produzida por engenharia genética em
células de bactérias e aprovada para uso em pessoas. Até então, a fonte desse
hormônio para tratamento de diabéticos eram os pâncreas de bois e porcos,
obtidos em matadouros. Apesar de a insulina desses animais ser muito semelhante
à humana, ela causa problemas alérgicos em algumas pessoas diabéticas que utilizavam o medicamento.
A insulina produzida em bactérias transformadas, por outro lado, é idêntica à
do pâncreas humano e não causa alergia,
devendo substituir definitivamente a insulina animal.
O hormônio do
crescimento, a somatotrofina, foi produzido pela primeira vez em
bactérias em 1979, mas a versão comercial só foi liberada
em 1985, após ter sido submetida a inúmeros
testes que mostraram sua eficácia. O hormônio de crescimento é produzido pela hipófise, na sua ausência ou em quantidades
muito baixa, a criança não se desenvolve adequadamente. Até pouco tempo atrás,
a única opção para crianças que nasciam com deficiência hipofisária
somatotrofina era tratamento com hormônio extraído de cadáveres. Agora esse
hormônio é produzido por técnicas de engenharia genética.
Marcos Henrique de Castro
Mateus Filipe Silveira
Rafael Henrique Ribeiro
Stanley Batista de Oliveira
José Carneiro Cabral
Professor: Carlos Eduardo Estêves de Paula
Professor: Carlos Eduardo Estêves de Paula
Nenhum comentário:
Postar um comentário